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Defesa Civil avalia ações realizadas durante período de prevenção às cheias em Rio Grande
14/07/2025
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Foto: Defesa Civil/Divulgação - Desmobilização do abrigo montado no Salão Paroquial do Povo Novo
A Defesa Civil de Rio Grande iniciou, no último final de semana, a desmobilização dos três abrigos municipais preparados para atender a população em caso de cheias. A medida foi tomada após o comunicado oficial do Centro Interinstitucional de Observação e Previsão de Eventos Extremos (Ciex/Furg), recebido na sexta-feira (11), que indicou estabilidade nos níveis da Lagoa dos Patos. A desmontagem total das estruturas deve ser concluída até esta segunda-feira (14).
Durante os últimos 20 dias, a Lagoa dos Patos apresentou oscilações em seus níveis, exigindo ações intensificadas da Defesa Civil. Segundo o vice-prefeito e coordenador do órgão, Renatinho, a atuação integrada entre a Prefeitura, Furg e órgãos de segurança foi determinante para garantir uma resposta eficiente às possíveis emergências.
“A nossa capacidade de resposta foi alta, principalmente devido ao monitoramento contínuo da Lagoa, realizado por meio da Rede de Monitoramento do Nível da Lagoa dos Patos. Isso nos permitiu antecipar eventuais impactos e agir com agilidade”, avaliou o coordenador.
Renatinho destacou ainda a importância da comunicação transparente com a população. “A parceria com o Ciex/Furg foi essencial para fornecermos diariamente informações precisas aos cidadãos”, afirmou. Apesar dos piores cenários não terem se concretizado, ele ressaltou que a Lagoa atingiu 127 centímetros no pico, provocando alagamentos em áreas ribeirinhas como Mangueira, Lar Gaúcho, Vila Dias e regiões das ilhas.
Outro ponto enfatizado foi o esforço conjunto entre diferentes secretarias e entidades no atendimento à população. “Tivemos um trabalho intenso e articulado, com a participação de diversas secretarias e o apoio fundamental da Marinha e do Exército, que estiveram ao nosso lado durante todo o período”, lembrou.
O coordenador também falou da intensificação, pela administração municipal, da desobstrução de tubulações, calhas, bocas de lobo e melhoria do sistema de drenagem do Município, que já estão em curso através do trabalho conjunto entre as secretarias de Infraestrutura e Serviços Urbanos. Além de projetos a curto e médio prazos para tornar Rio Grande mais resiliente às mudanças climáticas.
Medidas preventivas adotadas durante a ameaça de cheias
Desde o início das fortes chuvas no RS – na segunda quinzena de junho – a Prefeitura mobilizou seu plano de contingência e colocou em prática medidas preventivas para a atender a população que viesse a ser afetada pela suba do nível da Lagoa. Entre as ações, preparou três abrigos para atender famílias que pudessem necessitar de acolhimento: um deles no Salão Paroquial do Povo Novo (referência para a região das ilhas e interior), outro no Ginásio da Escola França Pinto (referência para a região ribeirinha e zona urbana de Rio Grande) e um na Igreja do Salvador (abrigo destinado a famílias atípicas).
Assim como em 2024, a municipalidade contou com a cooperação de órgãos de Segurança, que estiveram de prontidão para atender famílias que necessitassem de resgate. Embarcações aptas para atender essa situação também estiveram disponíveis. Além disso, a Defesa Civil contou com o apoio da Superintendência de Trânsito e da Guarda Municipal para auxiliar em situações que envolveram a interrupção de ruas por alagamentos. A Prefeitura também contou com o suporte do Exército, Marinha e Corpo de Bombeiros, para atender eventuais situações provocadas pelas cheias.
Propriedades afetadas e pessoas desalojadas
Conforme relatório final de danos levantados pela Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil de Rio Grande (Compdec-RG), foram identificadas 1.363 propriedades afetadas pela cheia: sendo 1.285 residências e 78 comércios, prédios públicos, serviços, depósitos ou garagens. As propriedades foram impactadas de diferentes formas, como dificuldade para as pessoas transitarem, impossibilidade de saírem de casa ou extravasamento de esgoto.
400 pessoas foram desalojadas das suas residências pela suba das águas nas ilhas da Torotama e Marinheiros e precisaram abrigar-se temporariamente na casa de parentes e amigos. Em alguns casos a Defesa Civil auxiliou preventivamente os moradores com o transporte de móveis das residências para localidades mais seguras.
Doações arrecadadas
Durante o período de alerta pelas cheias, a Prefeitura realizou campanha junto à população e sociedade civil organizada para o recebimento de alimentos e agasalhos, que foram arrecadados em antecipação aos possíveis alagamentos.
De acordo com a secretária adjunta de Relações Institucionais e Comunitárias, Thais Saggiomo, as doações de alimentos recebidas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foram distribuídas entre cozinhas solidárias e comunitárias, além de famílias de pescadores atingidas pelos alagamentos e outras em situação de vulnerabilidade social.
Uma nova remessa de doações, proveniente da Ação da Cidadania em parceria com o Comitê da Cidadania Local, está chegando ao Município. Esta leva inclui 100 cobertores e 200 cestas básicas. Os itens serão direcionados prioritariamente para famílias em maior situação de vulnerabilidade afetadas pelas cheias e também para cooperativas de reciclagem.
Já os agasalhos arrecadados serão destinados à população através dos CRAS e da Campanha do Agasalho.
Prejuízos para a agricultura e pesca artesanal
De acordo com laudo técnico elaborado pela Emater-RS/Ascar, em parceria com entidades representativas, produtores locais e o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, os prejuízos dos alagamentos foram sentidos, principalmente, pela agricultura familiar e pela pesca artesanal na zona rural do Município.
As áreas mais afetadas incluem lavouras de hortaliças localizadas na Ilha dos Marinheiros, Ilha do Leonídio, Quitéria e Arraial, além de residências de pescadores localizadas em zonas mais baixas da Ilha da Torotama, que foram atingidas pelas águas. Vias de acesso e escoamento da produção também foram danificadas.
A horticultura foi o setor mais impactado, com perdas em culturas como cebola, alface, couve-flor e brócolis. De acordo com o laudo, a produção agrícola, especialmente aquela em solos de relevo plano, teve áreas parcialmente ou totalmente comprometidas.
O levantamento aponta prejuízos estimados em R$ 34 mil, com perdas totais ou parciais nas lavouras invadidas pela água. No cultivo da cebola, a perda foi de 10%, com prejuízo de R$ 6 mil; no de alface, a perda foi maior, metade da produção, com prejuízo de R$ 10 mil; no da couve-flor a perda foi de 20% e o prejuízo foi de R$ 4,5 mil; já na cultura no brócolis a perda foi 30%, com prejuízo de R$ 13,5 mil.
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