Avós debatem a diversidade e tradições em evento da Prefeitura
12/08/2025
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Nesta terça-feira (12), dezenas de pessoas idosas, avôs e avós estiveram no Salão Nobre Deputado Carlos Santos para acompanhar o evento intitulado “A voz dos avós na diversidade”. Promovida pela Coordenadoria dos Direitos da Pessoa Idosa, a ação alusiva ao Dia dos Avós teve a participação de representantes de grupos de idosos da Núcleo Universitário da Terceira Idade (Nuti) da Furg, do Sesc, da Unimed, entre outros parceiros, visando o fortalecimento de vínculos comunitários e a construção coletiva do respeito às múltiplas formas de envelhecer.
Para dar início às atividades da tarde, representantes do Nuti/Furg realizaram uma dinâmica com os participantes. A grande maioria indicou fazer atividades físicas e considera ser mais feliz e satisfeita hoje do que em outros momentos da vida. Assim, esses e outros temas incentivaram o debate sobre um envelhecimento saudável, ativo e consciente das experiências de vida de cada um.
A seguir, teve a palavra da titular da Coordenadoria dos Povos Quilombolas, Cláudia Amaral, que comentou ver muitas semelhanças entre o “ser avô e avó”, e diferenças de costumes que foram perdidos pelo tempo, como o de beijar a mão e pedir a bênção. “Temos que amar e educar os nossos filhos e netos, independentemente de quem somos, e puxar a orelha quando necessário”, conta.
Tais costumes também foram relembrados pela yarolixá Flávia de Oya, que falou sobre o tratamento aos avós pelos povos tradicionais e de matriz africana. Para ela, ser avó é saber que deixou “uma sementinha”, a continuidade de uma experiência que ultrapassa gerações. “São práticas milenares, que para nós é o respeito de reverência à ancestralidade. Hoje sentimos muita falta desses costumes, da valorização. A nossa lei é cuidar um dos outros, é nossa riqueza, nossa biblioteca, e feliz de quem tem alguém que chega nessa idade”, afirma.
Essas e outras tradições também estão vivas em muitas aldeias indígenas. Conforme o cacique Cláudio Leopoldido, da aldeia Kaigang Goj Tánh, do Cassino, os mais velhos são considerados sagrados para o povo. “São peças sagradas na aldeia, isso é algo que ainda existe, valorizando histórias e experiências. Estamos sempre lutando pelos avós da aldeia”, diz.
O tema também foi abordado pela esposa de Leopoldido, Sueli Cipriano, que revelou uma grande proximidade com os netos. “O amor não é diferente, não importa a etnia das pessoas. Hoje fazemos mais pelos netos do que pelos filhos. Eles aprendem mais conosco sobre a nossa cultura e nossas vivências”, ressalta.
O evento recebeu ainda o convidado Luiz Mahin, um avô trans, que aproveitou a oportunidade para contar sobre a sua experiência e de sua família.
“As pessoas muitas vezes não conseguem entender isso, mas é uma outra maneira de estarmos enquanto família. Hoje sou feliz, sofro transfobia muito forte, sou também excluído socialmente. Mas eu faço questão de vir aqui dizer que é possível envelhecer com saúde, com dignidade, isso também é um direito nosso”, conta.
Ele também mencionou o que busca passar para seus dois netos pequenos, um negro um branco. “Temos que ter responsabilidade, enquanto seres humanos, de contribuir para que o mundo seja melhor para os nossos netos. Que eles possam viver em uma família como eu vivo, com netos que não são racistas, não são transfóbicos e que não têm questão com etarismo. Acho que o melhor que consegui dar a eles é o sentimento de humanidade, de reciprocidade, de respeito. Espero que todos possam ser pessoas mais acessíveis, que se reconheçam e possam ser felizes por serem quem são”, argumenta.
Para a titular da Coordenadoria dos Direitos da Pessoa Idosa, Kátia Melissa Martins, o evento superou as expectativas. A ideia de reunir diversas vozes teve adesão maior do que o previsto e depoimentos que deram profundidade e emoção ao encontro.
“Os relatos mostraram que a diversidade na velhice é uma realidade potente e que merece cada vez mais visibilidade. Espero que, daqui em diante, possamos transformar essas trocas em ações e iniciativas comunitárias, garantindo que a voz dos avós — em toda sua pluralidade — seja ouvida, respeitada e valorizada”, avalia.
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