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Setembro Verdepromove atendimento odontológico para 80 pessoas com necessidades especiais
16/09/2025
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Pacientes com deficiência e não colaborativos tiveram a oportunidade de receber atendimento odontológico nesta terça-feira (16). A ação, realizada no Sest/Senat, faz parte do Setembro Verde, promovido pela Prefeitura do Rio Grande, por meio da Coordenadoria das Pessoas com Deficiência e Altas Habilidades, Secretaria de Saúde e Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos; Sest/Senat e da Faculdade de Odontologia da UFPel. Ao todo, 80 pessoas foram atendidas durante a atividade e, destas, 36 serão encaminhadas para o bloco cirúrgico da Santa Casa na segunda etapa.
A iniciativa foi viabilizada por meio de uma parceria com o projeto de extensão Acolhendo Sorrisos Especiais, da Odontologia da UFPel, que recebeu emenda parlamentar do deputado federal Alexandre Lindenmeyer (PT) para efetuar o atendimento necessário, inclusive em bloco cirúrgico. Neste primeiro momento, o serviço foi de triagem e, posteriormente, aqueles que precisam de procedimentos específicos serão atendidos na Santa Casa do Rio Grande, conveniada com o projeto. Para esses casos, também foram coletadas amostras de sangue para exames pré-operatórios.
Em maior parte, o público foi composto por pessoas com autismo, que foram recepcionadas por profissionais especializados durante o acolhimento. O momento também foi aproveitado para a aplicação de vacinas, de acordo com o calendário vacinal de cada paciente.
Conforme conta o odontólogo da UFPel, José Ricardo Costa, a ideia de promover a ação surgiu no ano passado. Entretanto, acabou não sendo executada por falta de apoio. Porém, recentemente ele foi procurado por representantes da Coordenadoria, da Secretaria de Saúde e pelo deputado Lindenmeyer, para dialogar sobre a oferta do serviço em Rio Grande.
Com os recursos da emenda ainda disponíveis, um grande movimento tomou forma, contando com a participação de diversos setores atuantes na área para oportunizar o atendimento. Cerca de 30 pessoas estiveram envolvidas diretamente com o trabalho de hoje, entre estudantes, professores e equipes do Sest/Senat, da Escola de Educação Especial Maria Lucia Luzzardi, da Secretaria de Saúde e da Coordenadoria das Pessoas com Deficiência e Altas Habilidades.
“É uma grande demanda reprimida, e eu precisava do bloco cirúrgico para dar conta. Tendo o recurso da emenda, eles toparam, assumiram a função de organizar esse processo. Hoje a fila para atendimento na Santa Casa é muito longa, e realizam apenas extrações, não fazem restaurações. Nós vamos reabilitar eles. Se tiver que restaurar, restauramos. Se for limpeza, vamos limpar. Se tiver que extrair, vamos extrair. Vamos fazer o tratamento completo, só não vamos fazer próteses”, comenta.
De acordo com a assessora da Coordenadoria, Deise Falcão, o serviço traz um alívio para as famílias, especialmente do público autista, por se tratar de uma demanda reprimida há bastante tempo. “As famílias, por vezes, esperam vários anos por um atendimento. Nós temos um caso de uma mãe que está aguardando há 10 anos na fila de espera. Então esse atendimento traz uma melhora imensa para as pessoas. Sem esse serviço, por vezes a pessoa precisa de uma limpeza simples, mas não consegue, então surge a cárie. Com a cárie o dente pode quebrar, e assim por diante, e então sim vai precisar do bloco cirúrgico. Conviver com dor diariamente não é bom, então essa ação é fundamental para a qualidade de vida das pessoas com deficiência”, diz.
Curso para profissionais de odontologia
Paralelamente, também no Sest/Senat, foi promovido o curso “Tratamentos minimamente invasivos no Atendimento Odontológico ao Paciente com Necessidades Especiais”. A ação foi ministrada pela professora da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), dra. Márcia Cançado Figueiredo, considerada umas das principais referências do assunto na América Latina.
Conforme a palestrante, no caso da odontologia, o atendimento se refere a pessoas com necessidades especiais, uma vez que abrange pessoas com deficiência, pessoas com necessidades temporárias, gestantes de alto risco e pacientes com câncer, por exemplo. Ela também explica que, apesar de o Brasil ter o maior número de cirurgiões dentistas do mundo, a área do atendimento de pessoas com necessidades especiais é a com o menor número de especialistas. São apenas 31 no Rio Grande do Sul.
Ela acrescenta que a formação específica na área surgiu apenas em 2002 e que a grande maioria dos profissionais não recebe o preparo adequado durante a graduação, e tem demandado uma capacitação para a prática, o que contribui para distanciar esse público do atendimento.
“Então, o nosso objetivo hoje é justamente mostrar ao cirurgião dentista a beleza da especialidade, as necessidades que eles têm, o olhar para o paciente com deficiência. Mas é uma luta constante, estamos mostrando para os profissionais as necessidades do Rio Grande, que é muito grande, ficamos espantados com a quantidade de pessoas sem atendimento. Queremos fortalecer essa especialidade aqui, para que os profissionais tenham esse olhar de inclusão, essa sensibilidade, que todos os profissionais de saúde devem ter”, afirma
Além disso, ela destaca a campanha do Setembro Verde, que trabalha as pautas das pessoas com deficiência, mas também a doação de órgãos, já que muitos dos pacientes são transplantados ou precisam de transplantes. “Então aproveitamos para introduzir esse tema junto a todos os conselhos regionais de odontologia, de forma paralela ao setembro verde, com esse olhar para o paciente com deficiência”, acrescenta.
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