Arquitetura Popular em destaque na Semana do Patrimônio 2025
20/08/2025
Compartilhe esse conteúdo:
Compartilhe:

As arquitetas Nadiane Fontes Castro e Lauren Buss Raffi, ambas com 28 anos, apresentaram, na noite de terça-feira (19), o trabalho desenvolvido por elas no escritório Tekôa – Arquitetura Popular. A apresentação foi mais um evento da Semana do Patrimônio 2025, programação da Prefeitura do Rio Grande que prossegue até a próxima segunda-feira (28) com diversas atividades culturais e educativas.
As arquitetas também trouxeram para debate o diálogo entre patrimônio material e imaterial. Elas atuam junto a quilombos urbanos, aldeias indígenas e outras organizações sociais, em ações que conectam construções históricas a práticas culturais vivas, como grafite, hip hop e culinária tradicional. Nadiane contou que, "quando vemos uma aldeia indígena ocupando um prédio histórico, ou o quilombo urbano preservando sua cultura dentro de antigas estruturas coloniais, percebemos a convergência de patrimônios distintos”. Afirma que essa fusão as provoca a repensar o que realmente valorizamos enquanto sociedade e que tipos de patrimônio merecem maior reconhecimento.
Sobre a participação na Semana do Patrimônio, as profissionais afirmaram que mostrar o trabalho fortalece a visibilidade do que desenvolvem há pouco tempo. As ações já impactaram dezenas de mulheres, diversas famílias e múltiplas comunidades. Elas acreditam que, para além da preservação arquitetônica, há a aposta na valorização de pessoas e culturas como patrimônio vivo.
Fundado por Nadiane e integrado por Lauren, desde 2024, o Tekôa nasceu como um negócio de impacto social comprometido em democratizar o acesso à Arquitetura, especialmente para famílias de média e baixa renda das comunidades periféricas de Rio Grande e Pelotas. Para as arquitetas, o escritório surge da percepção de que a Arquitetura, muitas vezes vista como serviço elitista, deve estar ao alcance de todos.
Com atuação especial em bairros periféricos — como Navegantes, Mangueira, BGV, Vila Maria e Cassino, no Rio Grande, além de comunidades em Pelotas —, as profissionais oferecem projetos acessíveis, reformas subsidiadas e assessoria técnica adaptada às condições reais das famílias.
De acordo com Nadiane, a proposta é aproximar o conhecimento técnico da realidade popular.
"Nosso trabalho é construído junto às pessoas, sem impor estilos ou preconceitos." A arquiteta diz ainda que a proposta é fazer com que as famílias percebam que é possível ter um acompanhamento técnico que, além de melhorar a qualidade da obra, muitas vezes representa economia e segurança.
Oficinas gratuitas para mulheres
Nadiane e Lauren comentaram sobre um trabalho específico para mulheres. São oficinas de formação em construção civil voltadas para o público feminino. A iniciativa nasceu da constatação de que, em um ambiente marcado pelo machismo estrutural, havia demanda por maior protagonismo feminino.
Inicialmente, a ideia era trabalhar em rede com mulheres pedreiras, pintoras e azulejistas. Porém, a procura mostrou que havia grande interesse de mulheres em aprender as técnicas e conquistar autonomia para melhorar suas próprias casas, ou mesmo buscar novas fontes de renda. Até agora, já foram realizadas três oficinas no Rio Grande, com cerca de 30 participantes no total. As atividades são sempre gratuitas e combinam teoria e prática, envolvendo desde reparos básicos até noções de acabamento e segurança. Há previsão de novos módulos, inclusive em parceria com o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), fortalecendo o alcance das oficinas e abrindo caminho para processos de profissionalização.
Compartilhe:
de
17