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Dia da Mãe Atípica: Roda de Conversa proporciona momentos de escuta e acolhimento
15/05/2025
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Na tarde da última quarta-feira,14, uma roda de conversa organizada pelo Coletivo Autistas Crescem reuniu mães atípicas no Praça Rio Grande Shopping, em uma ação que marcou o Dia da Mãe Atípica, celebrado oficialmente em 15 de maio no Município. A data foi instituída pela Lei nº 9.276, sancionada pela prefeita Darlene Pereira em 02 de abril, Dia Mundial de Conscientização do Autismo.
Voltado para mães que cuidam de filhos com deficiência ou neurodivergência, o encontro foi um espaço de fortalecimento emocional, além de um importante momento de reflexão e desabafo sobre os desafios enfrentados por essas mães, que muitas vezes são invisibilizadas. A psicóloga Pâmela Gonçalves, mãe atípica, idealizadora do Coletivo Autistas Crescem e organizadora do evento ressaltou: “Estamos oferecendo uma tarde de escuta e acolhimento entre as mães atípicas, onde a fala é livre, o choro é bem-vindo e o afeto é a nossa principal linguagem”.
Depoimentos e Saúde Mental
Ao longo da atividade, foram registrados muitos relatos de mães diagnosticadas com depressão e ansiedade, sem redes de apoio – às vezes ignoradas dentro da própria família, sofrendo com sobrecarga, solidão, desgaste e adoecimento emocional. Durante a conversa, uma das mães participantes relatou não ter ânimo nem ao menos para se levantar pela manhã e preparar o almoço do filho; mas levanta, porque precisa. “Uma mãe atípica é como o alicerce de uma casa. Essa mãe precisa estar bem e firme, para que possa cuidar e dar sustentação ao filho”, disse.
Talita Costa, que faz parte do grupo Mães Atípicas Empreendedoras e da associação AMAR Rio Grande, destacou que maio é o mês dedicado às mães, mas que, infelizmente, estas sempre acabam esquecidas: "Por ser o mês das mães acredito que esta é a hora de falar daquelas pessoas que fazem tudo, mas que sempre estão apagadas na sociedade. Como mãe atípica, eu me sinto apagada, porque não ouço falar da nossa dor, das nossas angústias e do nosso sofrimento psicológico. Aqui, nessa roda de conversa, foi possível ouvir diversas mães que sofrem de depressão e passam por isolamento por não terem um suporte psicológico", desabafou. E concluiu: "Esse é o momento de falar sobre as mães, falar sobre a nossa saúde mental, sobre o quanto somos a força enquanto sofremos em silêncio e guardamos as nossas lágrimas, para acordar mais um dia e cuidar do nosso filho atípico".
Poder público reforça compromisso com escuta e construção coletiva
Representando a Prefeitura Municipal, o coordenador da Coordenadoria Municipal de Direitos das Pessoas com Deficiência e Altas Habilidades - COMDAH, Rafael Carneiro, acompanhou a roda de conversa, reconhecendo os desafios enfrentados pelas mães atípicas e reafirmando o compromisso da administração pública na construção do diálogo e busca por avanços concretos.
“O que eu quero dizer para vocês é que nós estamos batalhando para melhorar tudo isso, mas não é uma luta fácil. E que nós só podemos ter essa discussão hoje porque outras pessoas lutaram antes, como a dona Vera, a dona Emíllia, e tantas outras que fizeram os seus relatos nessa roda de conversa”, afirmou. Ele também reforçou a importância de integrar e ampliar o diálogo entre diferentes áreas do poder público, como a saúde, a assistência social e a educação.
Rafael falou, ainda, sobre uma articulação da administração pública para a adesão ao programa Viver Sem Limites, do governo federal: “Dentro desse plano está previsto para os municípios um Centro Dia Para Adultos Com Deficiências. Nós não estamos prometendo, mas sim nos comprometendo a batalhar para que possamos ter mais essa ferramenta à nossa disposição. É um centro da assistência social que pode trazer oficinas de arte, cultura, culinária, voltado para as pessoas com deficiência”, explicou, ressaltando a importância de espaços como a Escola Viva e o trabalho realizado pela Escola Maria Lúcia Luzzardi.
Outras questões foram levantadas no debate pelas mães atípicas, como a necessidade de um posto de saúde referência para atender as pessoas com deficiências e altas habilidades e, também, uma forma de organização mais acessível para que as mães recebam terapia. No mês de junho será realizada uma nova roda de conversa, onde serão convidados representantes de outros setores para a construção de um diálogo e de políticas públicas voltadas também para as mães. Fizeram parte do debate instituições como Amar RG - Associação de Pais e Amigos dos Autistas do Rio Grande, Mães Atípicas Empreendedoras Sociais, Associação Filantrópica para Famílias Atípicas Dom de Deus, com o apoio do COMDAH e do COMDES, além do Praça Rio Grande Shopping, que cedeu o espaço para a realização do evento.
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