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Na noite desta quarta-feira, 20, o Executivo Municipal realizou a apresentação oficial do projeto “Caminhos Negros: Redescobrindo Rio Grande”, em ato que integrou a programação da Semana do Patrimônio 2025. O encontro aconteceu no Salão Nobre da Prefeitura.

O coordenador Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Chendler Siqueira, explicou a iniciativa:
"O projeto Caminhos Negros tem a intenção de criar um circuito de caminhos, de territórios demarcados, para a execução da lei 10.639 nas escolas. Nada mais é do que uma ferramenta pedagógica para a execução da lei. A ideia é mapear e identificar espaços de importância para a comunidade negra e recontar um pouco da história desses espaços. Falar sobre o nome, sobre o que faz esses locais terem importância para a comunidade negra e, ao fazer isso, nós redescobrimos a cidade do Rio Grande. Hoje a história oficial do Município não traz a contribuição da presença da população negra, então ela será redescoberta, e entrarão novas narrativas nessa história oficial".

A secretária da Cultura e Economia Criativa - SMCEC, Rita Patta Rache, falou sobre a retomada do projeto: "Esse já era um projeto do Município, depois passou pela FURG, que foi quando eu comecei a me envolver mais diretamente com as atividades. Agora, através do Chendler, e em parceria com a Secretaria da Cultura e Economia Criativa, nós estamos retomando essas atividades e atuando como reparação histórica com a comunidade negra que construiu essa cidade”.

Ela acrescentou que a sinalização dos territórios negros já identificados pela comunidade, a produção de material educativo e a parceria entre as secretarias têm como objetivo implementar políticas para a execução da lei nº 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas brasileiras, públicas e privadas. Para garantir o êxito, o projeto tem o apoio da SMCEC, da Secretaria de Município de Educação e da Secretaria de Município de Assistência Social e Direitos Humanos. Segundo Rita, nada é mais pertinente do que, na Semana do Patrimônio, resgatar as histórias e o protagonismo da comunidade negra.

O mestre em Educação Ambiental, Alisson Justamant, comentou sobre os processos de implementação do projeto.
“Foi um trabalho próximo ao núcleo responsável pelo patrimônio, em parceria com os arquitetos da Prefeitura, e que resultou na colocação das placas de PVC no Mercado Público, formando um circuito repleto de informações sobre a história da população negra. Fico muito feliz com o resultado. Mas o projeto continua: agora vamos desenvolver ações junto à Escola Bilíngue, com a comunidade surda, reafirmando que o Caminhos Negros fala com propriedade da comunidade negra na cidade do Rio Grande. Uma cidade populosa, marcada pela identidade da negritude na sua criação e socialização”.

Criado em 2018 como uma construção coletiva, o projeto tem como objetivo identificar, mapear e demarcar espaços ligados à memória e à resistência negra em Rio Grande. Dos cerca de 25 locais reconhecidos pela comunidade, dez foram selecionados em votação popular para compor o roteiro inicial, entre eles o Largo das Quitandeiras, as Docas do Mercado, a Praça Sete de Setembro, o Busto de Carlos Santos, a Igreja Nossa Senhora da Conceição e a Estátua de Iemanjá.

A exposição "Caminhos Negros" segue aberta até a próxima segunda-feira, 25, no Mercado Público Municipal, reunindo as placas com informações históricas e culturais sobre os territórios selecionados. Todo o conteúdo também pode ser encontrado no site do projeto, disponível no link abaixo:
https://caminhosnegros.wixsite.com/furg

Além disso, a Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial promove visitas guiadas aos Caminhos Negros. Nesta quinta-feira, 21, às 14h, e no sábado, 23, às 9h, com saída das Docas do Mercado Público, integrando a programação da Semana do Patrimônio.

O deputado federal Alexandre Lindenmeyer (PT) prestigiou o lançamento do projeto, assim como os vereadores Glauber Nunes (PT) e Regininha (PT).