Notícias
Caminhoneiros participam de pesquisa e recebem atendimentos de saúde no posto da Polícia Rodoviária Federal
18/11/2025
Compartilhe esse conteúdo:
Compartilhe:
A Secretaria de Saúde de Rio Grande (SMS) participou como parceira, nesta terça-feira (18), de uma ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Secretaria de Saúde do RS (SES) voltada para a saúde dos motoristas profissionais, especialmente caminhoneiros. A atividade ocorreu em frente ao posto da PRF na BR-392, oferecendo ao público-alvo diversos serviços de saúde, como aferição de pressão e glicemia, saúde bucal, testagens para ISTs, vacinação, entre outros.
Ao mesmo tempo, a SES está realizando um estudo sobre o contexto de saúde global dos motoristas, a partir de dados pessoais, medições de peso, altura, circunferência de cintura, percentual de gordura, entre outras informações. Por meio de um acordo firmado com a Unisinos em abril de 2024, ações semelhantes já foram realizadas em outras partes do Estado, como Lajeado, Montenegro, Torres, Osório e Bento Gonçalves.
Em processo totalmente voluntário e anônimo, os caminhoneiros também respondem uma pesquisa a respeito de sua realidade em particular, como sobre a frequência de sono, hábitos alimentares, presença de dores, horas de trabalho, práticas de lazer, exercícios físicos, tempo presente com a família, entre outros aspectos, sempre com a orientação das equipes para melhorar a qualidade de vida dos profissionais.
Além disso, os condutores foram convidados a participar de um exame de coleta de substâncias para verificação do uso de medicamentos, álcool e drogas, sempre de forma anônima e apenas para fins de estudo. Os materiais posteriormente são enviados para o laboratório de análises da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e os resultados irão auxiliar a SES e a PRF na construção de uma base de dados sobre o perfil dos caminhoneiros das rodovias gaúchas.
“O nosso principal objetivo aqui, junto com a saúde do caminhoneiro, é a redução das sinistralidades. Nós entendemos que a pessoa que estiver bem de saúde causa menos sinistros que uma pessoa que esteja mal. Já abordamos em outros momentos pessoas com pressão muito alta, que foram encaminhadas direto pra UPA. E muitos dos motoristas não têm acesso a esse tipo de serviço, passam dias nas estradas e não querem procurar atendimento quando chegam em casa. Então queremos propiciar isso a eles, esse acesso facilitado”, conta Rafael Pereira, chefe de Segurança Viária da PRF.
Além disso, ele acrescenta que esse formato de ação permite uma proximidade com os caminhoneiros, que costumam ver a PRF como um órgão dedicado à punição. “ Mas estamos aqui para orientar e muitos nos agradecem por estarmos oferecendo esses serviços pra eles. E com isso vamos fazer um banco de dados para o acompanhamento dos motoristas”, diz.
Como explica a coordenadora da Política da Saúde do Homem da SES, Talita Donatti, a secretaria tem atuado na promoção da saúde por meio de orientações e iniciativas voltadas para os homens, considerando que os motoristas profissionais são, quase que totalmente, do público masculino.
“A nossa proposta é pensar políticas públicas, tanto para a saúde quanto para a segurança. Estamos no Novembro Azul, mas se olharmos as causas externas, temos mais óbitos por acidentes do que por causa do câncer de próstata, especialmente entre a população jovem. Precisamos ter um olhar para essa temática. Então estamos com a proposta de melhorar os indicadores por meio da promoção da saúde dos condutores, e consequentemente de todos que trafegam nas rodovias”, comenta.
Conforme o coordenador do Programa de Atenção Integral à Saúde do Homem do Rio Grande, Sávio Ribeiro, a categoria não costuma procurar os serviços públicos de saúde, muito em função da jornada de trabalho. Assim, mesmo diante da campanha do Novembro Azul, de prevenção ao câncer de próstata, a intenção é promover um trabalho dedicado ao cuidado integral à saúde do homem.
“Estamos participando desse trabalho da PRF e da SES, já realizado em outros municípios, para termos um maior alcance da população em questão. Não apenas sobre o Novembro Azul, mas abordando questões de autocuidado básico mesmo, que muitas vezes os motoristas acabam deixando de lado. Então essa é uma oportunidade, eles são parados pela polícia e passam pelo atendimento”, comenta.
Dados coletados nas primeiras edições revelam o uso de medicamentos para dor e substâncias proibidas, o que será analisado detalhadamente conforme o andamento do estudo para elaboração do perfil do motorista gaúcho. Segundo ressalta a coordenadora da pesquisa por parte da Unisinos, Juliana Scherer, esse perfil preliminar é consistente com estudos em nível nacional e internacional. Por isso, o foco é atuar com medidas preventivas, orientações, e psicoeducação em saúde, para prevenir esse tipo de ocorrência.
“Já observamos a presença de muitos medicamentos para dor, é um público que fica muito tempo sentado, muitas horas na direção. Já encontramos substâncias consideradas de abuso. O diferencial é o olhar global para a saúde do motorista, sem qualquer viés de punição. Nosso foco é saúde, o olhar para a saúde integral, das ISTs, substâncias, dor crônica, saúde do sono, saúde mental, etc. O uso de substâncias não está isolado nessa ideia de saúde integral, Estamos trabalhando dessa forma para tentar solucionar o problema”, avalia.
Compartilhe:
de
12