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Evento sobre descrição de obras para deficientes visuais reúne grande público na Prefeitura

17/10/2025

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Cerca de 100 pessoas participaram, na manhã desta sexta-feira (17), da palestra e oficina “Toque no Objeto, Por Favor! Acessibilidade Cultural de PCD Visual por meio da Impressão 3D e descrição de obras”, no Salão Nobre da Prefeitura. A ação abordou a qualificação do acesso de pessoas com deficiência visual às obras de arte, utilizando itens reproduzidos em formato 3D para oportunizar o toque como ferramenta aliada para a interpretação.

O grande público superou a expectativa da organização, feita pela Fototeca Municipal Ricardo Giovannini, vinculada a Secretaria de Cultura e Economia Criativa, em parceria com a Furg, por meio do Instituto de Matemática, Estatística e Física, do Laboratório de Ciência 3D e do grupo de pesquisa Toque no Objetivo.

“O objetivo foi trazer ao público esse debate, que muitas vezes fica retido a espaços escolares. Então estamos estimulando essa discussão dentro dos espaços culturais, onde existe essa necessidade. É uma coisa que faz parte da gestão dos museus tomar providências com relação a questões de acessibilidade. Então trouxemos esse diálogo para quem está em campo trabalhando para debater a questão das necessidades especiais no campo visual”, conta a coordenadora da Fototeca, Gianne Atallah.

Para o palestrante, o professor da Furg, Everaldo Arashiro, a ação vai no caminho contrário do que é normalmente praticado nos museus, onde existem avisos solicitando que o público “não toque” no material exposto. Porém, o toque é um importante instrumento para o entendimento de pessoas com deficiência visual, tornando esses espaços culturais, muitas vezes, inacessíveis. Por isso, o trabalho realizado pelo projeto “Toque no Objetivo”, por meio de réplicas 3D, estimula o movimento contrário para a inclusão, considerando que o acesso à cultura é um direito de todos.

“O museu perde o seu significado quando a pessoa com deficiência visual não pode tocar, ela fica privada do acesso cultural. Com as réplicas de apelo cultural, queremos que a pessoa sinta essa obra. Acreditamos que através da descrição, junto com a possibilidade de tocar uma réplica, a pessoa consiga ter uma ideia melhor do que seria aquilo que, muitas vezes, ela só escuta falar, mas não teve oportunidade de interagir. Então nossa intenção é promover uma acessibilidade cultural e as réplicas com a descrição são uma alternativa”, comentou.

Também esteve em pauta a subjetividade das descrições. Conforme ressaltou a mestranda em letras e integrante grupo de pesquisa "Toque no Objeto", Bruna Algenas, descrever obras de arte não é
uma ciência exata, já que o processo é influenciado diretamente pelas vivências e experiências particulares. Entretanto, destacou que a descrição precisa ter o máximo de detalhes possível, visando enriquecer a experiência para a pessoa com deficiência visual.

Dados

Conforme o apresentado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a cegueira afete 39 milhões de pessoas no mundo. Quanto à perda moderada ou severa da visão, o número chega a 246 milhões. 
No Brasil, de acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), cerca de 1,5 milhão de pessoas são cegas, o equivalente a 0,75% da população. O IBGE aponta que existem mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual no Brasil, sendo 500 mil pessoas cegas e cerca de 6 milhões com baixa visão.

“O acesso à cultura é um direito. O número é muito grande de pessoas que, talvez, não frequentem museus, não porque não têm interesse, mas porque não têm a opção de escolher se tem interesse ou não no assunto. Não é pensado para eles”, comentou Bruna.

Oficina

Após a palestra, o público presente participou de uma atividade específica, simulando na prática o toque a réplicas 3D e a descrição do objeto. Divididos em grupo, receberam algumas peças para uma dinâmica com a proposta de tentar entender a escultura apenas através do toque. “ Percebem que às vezes o toque não é suficiente?”, questionou o professor Arashiro a um dos grupos.

Também foram trabalhadas as descrições, em momento que convidou alguns participantes a ficarem vendados para tentar identificar o objeto em questão a partir do relato de colegas. Segundo a coordenadora do Núcleo de Atendimento Educacional Especializado da Secretaria de Educação, Mirian Pureza, as professoras da rede municipal de ensino foram convidadas a participar para que pudessem ter uma maior noção do trabalho que pode ser desenvolvido em sala de aula, especialmente a respeito da acessibilidade cultural e da descrição.

“Percebemos como é importante que a gente detalhe bem o que a escultura está representando, para que as pessoas com deficiência visual possam também ter essa noção. Passamos um pouco de trabalho no começo, mas depois foi bem interessante de fazer. Entendemos, a partir da perspectiva de uma pessoa com cegueira ou baixa visão, como é importante essa acessibilidade, não só para cultura, mas em outras áreas. É muito importante para que eles participem e tenham esse direito garantido de participar da cultura”, destacou.

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